Livros: uma tradição (e um acaso) familiar com dois séculos.
Quando em 1822 Domingos António de Lemos deixou a casa comercial do seu patrão e compadre, o Capitão Sousa Lixa, para se estabelecer por conta própria estava longe de saber que daria início a uma tradição que perduraria mais de dois séculos.
A nova casa comercial, fundada a 10.03.1822 em sociedade com o comerciante e capitalista Domingos José Martins da Costa, dedicava-se originalmente ao comércio de fazendas mas, como era habitual na época, cedo se terá dedicado à compra e venda das mais variadas mercadorias.
A empresa denominava-se Domingos António de Lemos e Companhia e situava-se por baixo da habitação de Domingos A. Lemos, nos números 2 e 4 da actual rua da Rainha (antiga "Porta da Villa") em Guimarães. O negócio, vantajoso comercialmente, fez com que cedo Domingos António de Lemos granjeasse algum prestígio o que lhe valeu a patente de Capitão da Companhia da Bomba de Guimarães, conferida pelo então General da Província Visconde de Santa Marta a 10 de Janeiro de 1826.
Não é certa a altura exacta nem o motivo que terá levado Domingos António de Lemos dedicar-se à comercialização de livros. Contudo, especulando um pouco e olhando para a sua árvore genealógica, encontramos dois letrados que, de alguma forma, podem ter influenciado a veia livreira de Lemos. Referimo-nos ao advogado e Juiz de Direito José António de Abreu Bahia e ao professor João António de Abreu residentes em Guimarães e tios de Ana Joaquina de S. José, mulher de Domingos António de Lemos.
Ainda na família alargada da mulher de Domingos António de Lemos, os Novais de Campos, os Silva Guimarães ou na já referida família Abreu (supostamente oriunda dos Abreus da Torre de Grade, mas com absoluta certeza dourada por algum ouro do Brasil...), podemos encontrar outros elementos que, pela natureza dos cargos que ocupavam, poderiam ter contacto com o mundo dos livros e até necessidade de obter certas obras de natureza jurídica, militar ou religiosa. São eles o Cónego e Cavaleiro da Ordem de N. S. da Conceição José Joaquim de Abreu, o Tenente João de Magalhães da Costa Freire, o Alferes Francisco José da Silva, entre outros. Convirá referir que outros familiares mais ligados aos ofícios (negociantes, fabricantes, ourives, etc) podem ter contribuído para outras dimensões do negócio da casa Domingos António de Lemos e Companhia.
Nas décadas de 20, 30 e 40 do século XIX, as informações relativas à loja e à actividade comercial de Domingos António de Lemos são escassas, havendo apenas algumas referências ao comércio de fazendas e tabacos. Em 1856, no jornal “Tesoura de Guimarães”, encontramos Domingos António de Lemos já associado ao seu filho José Joaquim de Lemos num anúncio relativo à venda de livros no seu estabelecimento comercial. Os livros eram da autoria do Bacharel Eça e Leiva, casado com Maria do Carmo de Sousa Lixa, filha do Capitão Sousa Lixa (padrinho de José Joaquim de Lemos).
Ainda na família alargada da mulher de Domingos António de Lemos, os Novais de Campos, os Silva Guimarães ou na já referida família Abreu (supostamente oriunda dos Abreus da Torre de Grade, mas com absoluta certeza dourada por algum ouro do Brasil...), podemos encontrar outros elementos que, pela natureza dos cargos que ocupavam, poderiam ter contacto com o mundo dos livros e até necessidade de obter certas obras de natureza jurídica, militar ou religiosa. São eles o Cónego e Cavaleiro da Ordem de N. S. da Conceição José Joaquim de Abreu, o Tenente João de Magalhães da Costa Freire, o Alferes Francisco José da Silva, entre outros. Convirá referir que outros familiares mais ligados aos ofícios (negociantes, fabricantes, ourives, etc) podem ter contribuído para outras dimensões do negócio da casa Domingos António de Lemos e Companhia.
Nas décadas de 20, 30 e 40 do século XIX, as informações relativas à loja e à actividade comercial de Domingos António de Lemos são escassas, havendo apenas algumas referências ao comércio de fazendas e tabacos. Em 1856, no jornal “Tesoura de Guimarães”, encontramos Domingos António de Lemos já associado ao seu filho José Joaquim de Lemos num anúncio relativo à venda de livros no seu estabelecimento comercial. Os livros eram da autoria do Bacharel Eça e Leiva, casado com Maria do Carmo de Sousa Lixa, filha do Capitão Sousa Lixa (padrinho de José Joaquim de Lemos).
Em 1870 morre aos 81 anos de idade Domingos António de Lemos. Após a sua morte o seu filho José Joaquim de Lemos herda a sua casa comercial que, muito embora se dedicasse à venda de livros, fazendas, sabões, tabacos, etc, e tivesse um escritório onde se podiam comprar bilhetes para transportes ou subscrever seguros, daí em diante passaria a ser designada apenas por Tabacaria Lemos.
Anos antes, em 1865, José Joaquim de Lemos conheceu alguma notoriedade como comerciante por ter sido um dos cinco membros fundadores da Associação Comercial de Guimarães e por fazer parte da direcção da Companhia da Fundição de Vizela (uma das primeiras companhias de capitais abertos da região). Dinâmico e multifacetado viu-se envolvido em diversas actividades e iniciativas que transcendiam a simples actividade comercial. Uma delas foi a elaboração de "um importante e consciencioso relatório estatístico, fornecido a Eduardo Moser, quando este abriu, em folheto, hoje desconhecido e muito valioso de informações, uma campanha de defesa, a favor da projectada via férrea de Bougado a Guimarães, e organizado o dito relatório, em Agosto de 1874, pelos doutos vimaranenses Drs. Alberto da Cunha Sampaio, Avelino da Silva Guimarães, José Joaquim de Lemos e José da Cunha Sampaio, avalia-se já, dez anos antes da realização da primeira Exposição Concelhia de 1884, do grande valor industrial das nossas freguesias rurais". [1]
No âmbito associativo e cultural José Joaquim de Lemos manteve a ligação iniciada pelo seu pai à "Companhia da Bomba", tendo recebido a medalha de "Mérito, Filantropia e Generosidade" pelo seu papel no terrível incêndio que em 1869 deflagrou na cidade de Guimarães. Fez também parte direcção do Teatro D. Afonso Henriques entre 1865 e, segundo cremos, 1869/70.
É também por esta altura, na década de 70 do século XIX, que chega à Lemos para trabalhar como marçano Albano Ribeiro Bellino. Na livraria Bellino encontrou "uma convivência illustrada, a principiar no seu patrão (...) José Joaquim de Lemos, homem inteligente e illustrado que honrava o comércio vimaranense, e a continuar nos espíritos cultos de apreciáveis literatos como o Cónego Cardoso, Padre [António J. Ferreira] Caldas, Braulio Caldas, etc" [2].
Terá sido o Cónego António de Oliveira Cardoso (irmão do célebre advogado e bibliófilo Bento de Oliveira Cardoso) aquele melhor percebeu o grande potencial de Albano Bellino que, como é sabido, viria a notabilizar-se como arqueólogo (sendo a sua obra mais conhecida a “Arqueologia Cristã” ). A passagem de Bellino pela livraria deixou marcas profundas. Terá vivido durante muito tempo na casa dos Lemos e, quando em 1891 saiu da companhia dos seus patrões para casar (mudando-se para Braga), causou um grande desgosto à família que o havia acolhido e criado desde menino. Anos mais tarde, o periódico “A Memoria” de 3.03.1901, num número de dedicado a Bellino, recorda desta forma o episódio: “o falecido José Joaquim de Lemos, que era a honra do comércio vimaranense pela sua probidade e ilustração, amava Albano Bellino com extremoso afecto, e, quando o viu abandonar para sempre a casa onde viveu tantos anos, chorou-o, como um pae pode chorar por seu filho (…)”. Antes de casar, Bellino dedicou-se às letras e publicou um jornal, “O Bijou”, dedicado às damas vimaranenses onde colaboraram figuras como Leão Martins, Bráulio Caldas, Virgínia de Abreu, Rangel de Quadros, António Fogaça, entre outros.
Anos antes, em 1865, José Joaquim de Lemos conheceu alguma notoriedade como comerciante por ter sido um dos cinco membros fundadores da Associação Comercial de Guimarães e por fazer parte da direcção da Companhia da Fundição de Vizela (uma das primeiras companhias de capitais abertos da região). Dinâmico e multifacetado viu-se envolvido em diversas actividades e iniciativas que transcendiam a simples actividade comercial. Uma delas foi a elaboração de "um importante e consciencioso relatório estatístico, fornecido a Eduardo Moser, quando este abriu, em folheto, hoje desconhecido e muito valioso de informações, uma campanha de defesa, a favor da projectada via férrea de Bougado a Guimarães, e organizado o dito relatório, em Agosto de 1874, pelos doutos vimaranenses Drs. Alberto da Cunha Sampaio, Avelino da Silva Guimarães, José Joaquim de Lemos e José da Cunha Sampaio, avalia-se já, dez anos antes da realização da primeira Exposição Concelhia de 1884, do grande valor industrial das nossas freguesias rurais". [1]
No âmbito associativo e cultural José Joaquim de Lemos manteve a ligação iniciada pelo seu pai à "Companhia da Bomba", tendo recebido a medalha de "Mérito, Filantropia e Generosidade" pelo seu papel no terrível incêndio que em 1869 deflagrou na cidade de Guimarães. Fez também parte direcção do Teatro D. Afonso Henriques entre 1865 e, segundo cremos, 1869/70.
É também por esta altura, na década de 70 do século XIX, que chega à Lemos para trabalhar como marçano Albano Ribeiro Bellino. Na livraria Bellino encontrou "uma convivência illustrada, a principiar no seu patrão (...) José Joaquim de Lemos, homem inteligente e illustrado que honrava o comércio vimaranense, e a continuar nos espíritos cultos de apreciáveis literatos como o Cónego Cardoso, Padre [António J. Ferreira] Caldas, Braulio Caldas, etc" [2].
Terá sido o Cónego António de Oliveira Cardoso (irmão do célebre advogado e bibliófilo Bento de Oliveira Cardoso) aquele melhor percebeu o grande potencial de Albano Bellino que, como é sabido, viria a notabilizar-se como arqueólogo (sendo a sua obra mais conhecida a “Arqueologia Cristã” ). A passagem de Bellino pela livraria deixou marcas profundas. Terá vivido durante muito tempo na casa dos Lemos e, quando em 1891 saiu da companhia dos seus patrões para casar (mudando-se para Braga), causou um grande desgosto à família que o havia acolhido e criado desde menino. Anos mais tarde, o periódico “A Memoria” de 3.03.1901, num número de dedicado a Bellino, recorda desta forma o episódio: “o falecido José Joaquim de Lemos, que era a honra do comércio vimaranense pela sua probidade e ilustração, amava Albano Bellino com extremoso afecto, e, quando o viu abandonar para sempre a casa onde viveu tantos anos, chorou-o, como um pae pode chorar por seu filho (…)”. Antes de casar, Bellino dedicou-se às letras e publicou um jornal, “O Bijou”, dedicado às damas vimaranenses onde colaboraram figuras como Leão Martins, Bráulio Caldas, Virgínia de Abreu, Rangel de Quadros, António Fogaça, entre outros.
Do círculo de relações familiares e pessoais dos Lemos podemos também destacar José Joaquim de Sousa Lixa (filho do já referido Capitão Lixa), negociante em Lisboa e a sua irmã Dona Cândida Emília, o Major José J. Correia de Lacerda e a sua mulher Dona Emília Sá Chaves Pinto (cuja filha, Amélia, foi afilhada de Amélia Augusta de Lemos, filha de José J. Lemos), o capitalista portuense José Joaquim Pereira Pinheiro, António José Ferreira Caldas e o seu filho, o Padre António José Ferreira Caldas, entre outros. Estas amizades e ligações de José Joaquim de Lemos ilustram, em certa medida, o ambiente que então caracterizava o quotidiano da sua casa comercial.
Durante o último quartel do século XIX José Joaquim de Lemos gere com afinco a sua casa comercial, que então, nos seus carimbos e vinhetas, ostentava a seguinte designação: Tabacaria Lemos - Papelaria e Livraria – Centro de Publicações. Nesta altura aparecem regularmente anúncios nos jornais relativos à venda dos mais variados produtos na Lemos (sabões, charutos, cadernos, livros escolares, etc).
Em 1889 dá-se uma acontecimento importante para o panorama livreiro vimaranense: a morte de Teixeira de Freitas, o proprietário da Livraria Internacional (até então a mais importante da cidade que, curiosamente, também funcionava como depósito de tabacos). Com a sua morte (e subsequente encerramento da Internacional) passa a haver um vazio no mercado que a Lemos vai preenchendo ao longo dos anos e que é também acompanhado pelo aparecimento de novas livrarias na cidade.
Durante o último quartel do século XIX José Joaquim de Lemos gere com afinco a sua casa comercial, que então, nos seus carimbos e vinhetas, ostentava a seguinte designação: Tabacaria Lemos - Papelaria e Livraria – Centro de Publicações. Nesta altura aparecem regularmente anúncios nos jornais relativos à venda dos mais variados produtos na Lemos (sabões, charutos, cadernos, livros escolares, etc).
Em 1889 dá-se uma acontecimento importante para o panorama livreiro vimaranense: a morte de Teixeira de Freitas, o proprietário da Livraria Internacional (até então a mais importante da cidade que, curiosamente, também funcionava como depósito de tabacos). Com a sua morte (e subsequente encerramento da Internacional) passa a haver um vazio no mercado que a Lemos vai preenchendo ao longo dos anos e que é também acompanhado pelo aparecimento de novas livrarias na cidade.
Conhecendo já uma certa dimensão a Lemos seria administrada não só pelo seu dono, mas também por dois funcionários já antigos na casa, Manuel José Vieira e Augusto Inácio da Cunha Guimarães. Este último viria a casar com Maria do Carmo Lemos (filha de José Joaquim de Lemos) e a herdar o estabelecimento comercial do seu sogro.
Sofrendo de uma doença prolongada, José Joaquim de Lemos viria a morrer em 1896 e a livraria seria herdada e gerida pelo seu genro Augusto Inácio da Cunha Guimarães.
Nos finais do século XIX e início do século XX, passados quase 80 anos da fundação da livraria é implementada uma estratégia comercial mais focada no comércio de livros e de postais, conforme se pode ver em diversos anúncios publicados na imprensa local. Contudo, a casa sempre foi mais do que uma livraria ou tabacaria, tendo sido desde a sua fundação um pequeno centro de negócios, onde se vendiam fazendas, tabacos, se subscreviam seguros, etc (como aliás era comum na época). Cunha Guimarães, beneficiando dos contactos que ao longo dos anos ali fez, investe numa industria de pentes e cutelarias, deixando de ver a livraria como a sua actividade principal. Necessitando de algum apoio chama para a direcção da livraria o seu sobrinho Eduardo de Lemos Mota (bisavô do autor destas linhas...). Lemos Mota tinha então negócios ligados ao têxtil em todo país, onde fez diversos contactos. Em Guimarães era já conhecido por fazer parte da direcção dos Bombeiros Voluntários, por ter sido um dos fundadores Sociedade Protectora dos Animais de Guimarães e por estar ligado a grande parte das associações vimaranenses do seu tempo.
Em 1913 Cunha Guimarães formaliza a sociedade com o sobrinho, passando a livraria a designar-se Cunha & Lemos. É com esta chancela que são editados alguns postais ilustrados, almanaques e mesmo alguns livros dos quais se destaca o romance “Almas do Purgatório” de Eduardo de Almeida, notável advogado e Deputado às Constituintes de 1911. É também por esta altura que se estabelece uma parceria com a editora Guimarães & Ca., passando a livraria anunciar regularmente as novidades desta casa nos jornais locais. Na Lemos também se podiam encontrar as novidades editoriais da Lello & Irmão, de Magalhães & Moniz e de outras editoras.
Nos finais do século XIX e início do século XX, passados quase 80 anos da fundação da livraria é implementada uma estratégia comercial mais focada no comércio de livros e de postais, conforme se pode ver em diversos anúncios publicados na imprensa local. Contudo, a casa sempre foi mais do que uma livraria ou tabacaria, tendo sido desde a sua fundação um pequeno centro de negócios, onde se vendiam fazendas, tabacos, se subscreviam seguros, etc (como aliás era comum na época). Cunha Guimarães, beneficiando dos contactos que ao longo dos anos ali fez, investe numa industria de pentes e cutelarias, deixando de ver a livraria como a sua actividade principal. Necessitando de algum apoio chama para a direcção da livraria o seu sobrinho Eduardo de Lemos Mota (bisavô do autor destas linhas...). Lemos Mota tinha então negócios ligados ao têxtil em todo país, onde fez diversos contactos. Em Guimarães era já conhecido por fazer parte da direcção dos Bombeiros Voluntários, por ter sido um dos fundadores Sociedade Protectora dos Animais de Guimarães e por estar ligado a grande parte das associações vimaranenses do seu tempo.
Em 1913 Cunha Guimarães formaliza a sociedade com o sobrinho, passando a livraria a designar-se Cunha & Lemos. É com esta chancela que são editados alguns postais ilustrados, almanaques e mesmo alguns livros dos quais se destaca o romance “Almas do Purgatório” de Eduardo de Almeida, notável advogado e Deputado às Constituintes de 1911. É também por esta altura que se estabelece uma parceria com a editora Guimarães & Ca., passando a livraria anunciar regularmente as novidades desta casa nos jornais locais. Na Lemos também se podiam encontrar as novidades editoriais da Lello & Irmão, de Magalhães & Moniz e de outras editoras.
Apesar da actividade livreira ser intensa não era a principal ocupação de tio e sobrinho, o primeiro ligado à indústria das cutelarias e o segundo, ainda que dedicado à administração da livraria, muito ligado ao comércio de têxtil e de curtumes, o que implicava viagens e ausências relativamente prolongadas. Na sequência da crise de 1929 e de um desaire empresarial, Lemos Mota deixa o têxtil e passa a assumir a livraria como actividade principal. Durante um curto período, entre 1929 e 1930, a livraria terá estado encerrada reabrindo depois com a designação de L. & Oliveira. Nos anos que se seguiram a Lemos conheceu um grande crescimento, passando a ser a maior livraria de Guimarães e uma das maiores do Minho.
A Livraria Lemos teve por clientes os grandes vultos da cultura vimaranense (e não só) de finais do século XIX e meados do século XX. Abel Cardoso, Alberto Vieira Braga, Alfredo Pimenta, Rodrigo Pimenta, Raul Brandão, Jerónimo de Almeida, Alfredo Guimarães, Abade de Tagilde, Novais Teixeira, Maria Emília do Amaral Teixeira, os irmãos João de Meira e Gonçalo Meira (primos de Lemos Mota) e Eduardo de Almeida são apenas alguns dos nomes que ilustram a plêiade de intelectuais que então ali pontificavam. A estes juntavam-se os cunhados de Lemos Mota, dos quais se destacam Luís da Costa de Oliveira Bastos (que viria a ser sócio da livraria na década de 30), José Joaquim de Oliveira Bastos, advogado, Presidente da Câmara de Guimarães (na Monarquia do Norte), Presidente da Sociedade Martins Sarmento (1927) e notável bibliófilo que chegou a colaborar com Maurice L. Ettinghausen (na busca por livros antigos que Ettinghausen fez em Portugal ao serviço de D. Manuel II) e ainda João Joaquim da Costa de Oliveira Bastos, advogado, formado também em Filosofia e Matemática, professor no Liceu de Guimarães e na Escola Industrial Francisco de Holanda, militante republicano e editor e director do jornal "Pro Vimarane".
Apesar de se ter dedicado a várias áreas de negócio os livros passaram a ser a constante desta velha casa comercial que, ao longo dos tempos, foi conhecendo diversas designações e diferentes moradas sempre no centro histórico de Guimarães, na zona da antiga “Porta da Villa”.
No início da década de 60, após a morte de Eduardo de Lemos Mota, a Livraria Lemos continua aberta mas a tradição é interrompida, pois ninguém da família se dedica directamente à actividade livreira. Contudo, por uma questão afectiva e de responsabilidade social, a empresa mantém-se na posse da família. No final da década de 70 a Livraria Lemos passa a ser gerida por um neto de Lemos Mota, Luís Pinto dos Santos, que dá um novo fôlego a uma tradição já centenária, marcada pela paixão pelos livros.
Já na década de 90, após o encerramento da Lemos, a tradição livreira manteve-se viva na família com criação da Livraria Luís Pinto dos Santos que, na sua inauguração, evocou precisamente uma tradição familiar centenária no comércio de livros e que durante vários anos foi palco de diversas tertúlias e lançamentos de livros. Até há bem pouco a Livraria Pinto dos Santos foi gerida por Guilherme Pinto dos Santos que recentemente fundou a livraria "Chá de Tília" no Porto.
Desta mesma árvore mas num ramo de actividade diferente, o de livreiro antiquário, nasce em Maio de 2013 a Cólofon, dando continuidade ao gosto pelo livro e a uma tradição familiar bicentenária.
Fontes:
[1] REVISTA DE GUIMARÃES: CURIOSIDADES DE GUIMARÃES. XX DO POVO. DA LAVOURA. DOS COSTUMES. DO PASSADO E DOS TRAJOS. DAS APEIRIAS E SEMENTEIRAS. DOS FOLGUEDOS E DAS FESTAS. BRAGA, Alberto Vieira Ano: 1962 | Número: 72. Pág. 82
[2] O Regenerador. Guimarães. 3.12.1909
Arquivo Municipal Alfredo Pimenta (Fundo Paroquial e Notarial)
Arquivo particular da família de Maria da Conceição de Oliveira Mota Pinto dos Santos.
Informações transmitidas pelo Dr. José Joaquim de Oliveira Bastos.
Sociedade Martins Sarmento/Casa de Sarmento (Hemeroteca).
www.araduca.blogspot.com
Apesar de se ter dedicado a várias áreas de negócio os livros passaram a ser a constante desta velha casa comercial que, ao longo dos tempos, foi conhecendo diversas designações e diferentes moradas sempre no centro histórico de Guimarães, na zona da antiga “Porta da Villa”.
No início da década de 60, após a morte de Eduardo de Lemos Mota, a Livraria Lemos continua aberta mas a tradição é interrompida, pois ninguém da família se dedica directamente à actividade livreira. Contudo, por uma questão afectiva e de responsabilidade social, a empresa mantém-se na posse da família. No final da década de 70 a Livraria Lemos passa a ser gerida por um neto de Lemos Mota, Luís Pinto dos Santos, que dá um novo fôlego a uma tradição já centenária, marcada pela paixão pelos livros.
Já na década de 90, após o encerramento da Lemos, a tradição livreira manteve-se viva na família com criação da Livraria Luís Pinto dos Santos que, na sua inauguração, evocou precisamente uma tradição familiar centenária no comércio de livros e que durante vários anos foi palco de diversas tertúlias e lançamentos de livros. Até há bem pouco a Livraria Pinto dos Santos foi gerida por Guilherme Pinto dos Santos que recentemente fundou a livraria "Chá de Tília" no Porto.
Desta mesma árvore mas num ramo de actividade diferente, o de livreiro antiquário, nasce em Maio de 2013 a Cólofon, dando continuidade ao gosto pelo livro e a uma tradição familiar bicentenária.
Fontes:
[1] REVISTA DE GUIMARÃES: CURIOSIDADES DE GUIMARÃES. XX DO POVO. DA LAVOURA. DOS COSTUMES. DO PASSADO E DOS TRAJOS. DAS APEIRIAS E SEMENTEIRAS. DOS FOLGUEDOS E DAS FESTAS. BRAGA, Alberto Vieira Ano: 1962 | Número: 72. Pág. 82
[2] O Regenerador. Guimarães. 3.12.1909
Arquivo Municipal Alfredo Pimenta (Fundo Paroquial e Notarial)
Arquivo particular da família de Maria da Conceição de Oliveira Mota Pinto dos Santos.
Informações transmitidas pelo Dr. José Joaquim de Oliveira Bastos.
Sociedade Martins Sarmento/Casa de Sarmento (Hemeroteca).
www.araduca.blogspot.com